A Festa das Yabas é muito importante por ser a comemoração e o reconhecimento das 6 principais Orixás femininas que são responsáveis pelo equilíbrio da terra e da vida.

Yemanjá, a bruxa das águas.

A deusa das águas, majestosa pelo reconhecimento de grande mãe, pacificadora, conselheira, porém podemos descobrir uma das bruxas mais inteligente. Yemanjá é reverenciada sempre que queremos paz. No final do ano todas as orlas marítimas do mundo ficam repletas de pessoas, todas de branco, entregando suas oferendas a mãe d’água, pedindo proteção para o ano que vai entrar. Flores, perfumes, espelhos em barcos decorados são lançados ao mar, à rainha de todos os oceanos.

Mas esquecemos do aprendizado desse orixá, que pode ser mãe, mas também uma malvada madrasta. Ajuda, cooperação, compreensão e solidariedade são virtudes importantes, mas não podemos esquecer que o nosso espaço e prioridades tem que vir em primeiro lugar. Não se pode contribuir com o outro se não ajudarmos a nós mesmos. As vezes uma dose de egoísmo é necessário. De que adianta ser o fogo que aos poucos cresce como o mais poderoso, destruindo tudo e a si mesmo, se no fim torna-se apenas cinzas que o vento dispersa.

A água é essencial a vida, por mais que se tente represá-la, sempre encontra um caminho para seguir e aos poucos vai ocupando espaço sem ser notada e quando percebemos já tomou conta de tudo. esta é a grande contribuição deste orixá, com calma sem deixarmos notar nossos pensamentos, iremos alcançar nossos objetivos.

Ouvir, observar, guardar o necessário e só revelar na hora exata. Utilizar a força do próximo em proveito próprio. Por isso não se deixe levar pelo rosto doce, olhos acolhedores e compreensivos, porque por trás deles pode se esconder uma mulher feroz, disposta a tudo; uma fiel e dedicada amiga ou uma terrível inimiga. Yemanjá é a essência do poder absoluto feminino, atrás desta criatura frágil, existe uma felina poderosa, uma mulher por excelência, a doce Yemanjá.

Oxum, a sabedoria.


É o orixá da fertilidade e da maternidade, porém não é conhecida como uma grande mãe, mas sim como a deusa da vaidade. Existem milhares de histórias mágicas sobre Oxum. Mas quem é esta mulher sem freios?

Oxum determina seus próprios limites. Bonita, extremamente vaidosa, quando está a frente do espelho encanta-se com a própria beleza. Não é fútil.

Esta Yabá é a que poderíamos considerar a mais cheia de defeitos e virtudes. As vezes inocente como uma criança, noutra esperta e ardilosa como uma mulher vulgar e em outras sábia como os mais velhos. Oxum é a soma de todas as qualidades boas e ruins de um ser, basta saber dosar que teremos a perfeição. Esta Yabá torna-se necessária para todos, pois é a única que possibilitará chegarmos ao equilíbrio. É necessário observar atentamente seus ensinamentos, pois os limites é ela quem determina.

Oxum é alegria, riqueza e harmonia, mas com uma certa dosagem de desarmonia, para não cair na monotonia. É uma mulher a cada dia, importante e necessária. É a soma dos temperos certos, que alimenta a nossa vida.

Yansã, da brisa à tempestade.

Uma das Yabás mais festejadas no candomblé, faceira, destemida, utiliza-se da beleza, charme e dinamismo para conquistar seus ideais. Mulher que age e movimenta-se como o vento, possuidora do poder dos raios, faz-se notar em todos os lugares.

Iansã é calma e sublime como o vento suave nas relvas, mas basta um segundo para tornar-se violenta e feroz como uma tempestade tenebrosa, sem nunca perder a magia que a todos encanta. Quando dança provoca admiração até mesmo nos incrédulos, com seus passos e gestos comandados pelo vento. Como num flutuar pelo espaço, logo percebemos que estamos diante de uma rainha bela e poderosa.

É comum ouvirmos dizer que seus filhos fazem tempestade num copo dágua. Isso mostara que não importa o que aconteça, terão que ser ouvidos. Se for precisam gritam, berram, xingam… Suas palavras serão sempre ouvidas nos quatro cantos do mundo. Por isso se queremos paz é bom estar de bem com os bons ventos desta majestosa rainha.

Obá, a guerreira mulher.

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Obá é uma das Yabás mais velhas, pouco conhecida e divulgada, porém a mais verdadeira de todas elas, mostrando força, inteligência, ousadia e dignidade.

Em meio a uma comunidade machista onde a força bruta era sinônimo de poder, as mulheres serviam como escravas de luxo, que para conquistar algo eram obrigadas a mentir, utilizar-se de feitiçarias, trapaças, etc, Obá usou o meio, talvez mais difícil, porém o mais digno. Mostrou que a mulher podia lutar igual aos homens e tornou-se a melhor, vencendo vários orixás.

Por amor foi enganada, traída e rejeitada, mas de cabeça erguida foi a luta pelos seus direitos. Caiu pelo quiabo de Ogum mas não deixou-se escravizar. Tirou a própria orelha por traição de Oxum mas não perdeu a altivez. O fato de não termos lendas mágicas sobre Obá que a levou ao esquecimento atual, pois a sua grande contribuição é lutar pelos direitos da mulher com dignidade, respeitando os limites de cada um. Muitos a qualificam como a quizila dos orixás, por suas vitórias em luta, por ter sido enganada por Oxum. A verdade não é quizila, e sim respeito por ter conquistado com lealdade.

Quando pisa no terreiro mostra sua força, beleza, ingenuidade e feminilidade, que aflora em suas cores branco, cobre e amarelo, somando a seus passos sutis e determinado, que faz surgir simplesmente uma mulher.

A carisma de Nanã.


Rabugenta, cheia de manias, insistente e muitas vezes uma saudável adolescente, sempre com uma palavra certa para qualquer hora. Doce, carinhosa, carismática é impossível não amar Nanã.

Yabá que determina respeito, muitos a temem por considerá-la a dona da morte. Nanã Buruque não é a morte, mas o reconhecimento da vida e a valorização da família, amizade, respeito ao próximo e fidelidade. Viver e morrer, são consequências da nossa natureza e é essa admirável senhora que nos guia nesse caminho.

Ewá, a caçadora.

O Orixá Ewá é uma bela virgem que entregou o seu corpo jovem a Xangô, marido de Oya, despertando a ira da rainha dos raios. Ewá refugiou-se nas matas inalcançáveis, sob a protecção de Oxóssi, e tornou-se uma guerreira valente e caçadora habilidosa.

As virgens contam com a protecção de Ewá e, aliás, tudo que é inexplorado conta com a sua protecção: a mata virgem, as moças virgens, rios e lagos onde não se pode nadar ou navegar. A própria Ewá, acreditam alguns, só rodaria na cabeça de mulheres virgens (o que pode não se comprovar), pois ela mesma seria uma virgem, a virgem da mata virgem dos lábios de mel. Ewá domina a vidência, atributo que o deus de todos os oráculos, Orunmilá lhe concedeu.

Por Ebomi Wilma Freire de Obá.

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0 resposta para “Yabás, as Orixás Femininas”

  1. Avatar de Ebomi Renata d'Oxum

    Gente , simplesmente lindo !!!! Minha Mães ,peço humilde a benção a cada uma delas , apaixonante !!!
    Um verdadeiro relicário, que contém um momento da vida de toda mulher !!!
    A filha , a mãe , avó ,a guerreira , a feiticeira , a sábia , todas juntas !!!
    Viva as Yabas , orgulho de ser Yaba !!!

  2. Avatar de Ebomi Renata d'Oxum

    Meu agradecimento sincero a minha irmã Ebomi Wilma de Obá , pelos belíssimos textos , tão bem construidos, com delicadeza, atenção , e conhecimento …
    Me senti orgulhosa de ser sua irmã, Parabéns !!

    Ebomi Renata D’Oxum